Euro 2008: Tempo de renascimento.

Há tempos o futebol entre seleções, historicamente a categoria mais importante de todo o futebol vive num mundo de trevas, de futebol burocrático e competições insossas. Parecia ser uma tendência, uma característica do futebol moderno que as seleções fossem perdendo o brilho. Isto até o início desta Eurocopa de 2008, uma competição que pode ser encarada como a luz no fim do tunel para o futebol entre seleções e também para o futebol em geral. A Euro 2008 mesmo antes de seu fim já pode ser considerada como uma das melhores Eurocopas de todos os tempos e a melhor competição entre seleções deste século, um torneio rico no aspecto emocional e principalmente no aspecto técnico, coisa que há muito não se via.

Na minha opinião o principal fator desta mudança está no meio-campo das seleções européias. Não temos grandes craques consagrados porém existe uma fartura de bons meio-campistas. Meias ofensivos como Snejider, Ballack e Arshavin; que aliam técnica, bom passe, visão de jogo e principalmente objetividade. E bons meias defensivos como Xavi, Frings e Modric, que marcam bem e saem melhor ainda para o ataque ajudando na criação. Somando a qualidade do meio à uma certa fraqueza dos sistemas defensivos obtem-se nesta Euro um jogo totalmente baseado na posse e no toque de bola vistoso e consciente, contrastando com a tendência destrutiva das selções até pouquíssimo tempo.

Pode ser o renascimento do futebol em sua mais alta categoria, e não existe lugar melhor para renascimentos do que a Europa, berço do iluminismo. Pelo que se vê hoje nos gramados europeus em comparação ao que acontece aqui na América do Sul fica a impressão de que dificilmente o título da próxima Copa do Mundo, em 2010, saíra do velho continente.